sábado, 25 de julho de 2020

Observador e Observado



É muito claro e não é difícil de compreender que, quando alguém começa a observar-se seriamente, partindo do princípio de que não é um, mas muitos começam realmente a trabalhar sobre tudo isso que carrega dentro de si.
São obstáculos, tropeços, empecilhos para o trabalho de auto-observação Íntima os seguintes defeitos psicológicos: mitomania (delírio de grandeza, crer-se um Deus); egolatria (crença em um “Eu” permanente, adoração a qualquer espécie de Alter ego); paranóia (achar que sabe tudo, auto-suficiência, presunção, crer-se infalível, orgulho místico, pessoa que não sabe ver o ponto de vista alheio).
Quando se continua com a convicção absurda de que é “Um”, de que se possui um “Eu” permanente, torna-se mais que impossível o trabalho sério sobre “Mim mesmo”.
Quem sempre se crê um, uno, nunca será capaz de se separar de seus próprios elementos indesejáveis. Considerará cada pensamento, sentimento, desejo, emoção, paixão, afeto etc., como funcionalismos diferentes, imodificáveis, de sua própria natureza, e até se justificará ante os demais, dizendo que tais ou quais defeitos pessoais são de caráter hereditário.
Quem aceita a doutrina dos muitos eus compreende, à base de observação, que cada desejo, pensamento, ação, paixão etc., corresponde a um ou outro “Eu” distinto, diferente.
Qualquer atleta da Auto-observação íntima trabalha muito seriamente dentro do “Mim mesmo”, e se esforça por separar de sua psique os diversos elementos indesejáveis que carrega consigo. Se alguém de verdade e muito sinceramente começa a observar-se internamente, dividir-se-á em dois: observador e observado. Se tal divisão não ocorresse, é evidente que nunca daríamos um passo adiante na via maravilhosa do autoconhecimento.
Como poderíamos observar a nós mesmos, se cometêssemos o erro de não querer dividir-nos em observador e observado? Se tal divisão não ocorresse, é óbvio que nunca daríamos um passo adiante no caminho do autoconhecimento.
Indubitavelmente, quando esta divisão não sucede, continuamos identificados com todos os processos do “Eu” pluralizado. Quem se identifica com os diversos processos do “Eu” pluralizado, é sempre vítima das circunstâncias.
Como poderia modificar circunstâncias aquele que não conhece o “Mim mesmo”? Como poderia conhecer o “Mim mesmo”, quem nunca se observou internamente? De que maneira poderia alguém se auto-observar, se não se divide previamente em observador e observado?
Assim, ninguém pode começar a mudar radicalmente, enquanto não for capaz de dizer: "este desejo é um “Eu” animal, que devo eliminar"; "este pensamento egoísta é outro “Eu” que me atormenta e que necessito desintegrar"; "esse sentimento, que fere meu coração, é um “Eu” intruso que necessito reduzir a poeira cósmica" etc.
Naturalmente, isto é impossível, para quem nunca se dividiu em observador e observado. Quem toma todos seus processos psicológicos como funcionalismos de um “Eu” único, individual e permanente, encontra-se tão identificado com todos os seus erros, estão tão unidos ao “Mim mesmo” que perde, por tal motivo, a capacidade de separá-los de sua psique. Obviamente, pessoas assim jamais podem mudar radicalmente, são pessoas condenadas aos mais rotundos fracassos.

Tratado de Psicologia Revolucionária 
Samael Aun Weor

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